A mais recente atualização da Defesa Civil do Rio Grande do Sul revela a gravidade das enchentes que atingiram o estado, com um saldo de 95 mortes confirmadas. O desastre afetou diretamente aproximadamente 1,4 milhão de pessoas, configurando-se como a maior crise humanitária já enfrentada na região. Há também registros de 132 desaparecidos e 372 feridos, números que podem aumentar à medida que as operações de busca e resgate prosseguem.
As consequências das chuvas e inundações resultaram em cerca de 48,8 mil desabrigados e aproximadamente 159 mil desalojados, muitos dos quais encontraram refúgio em casas de parentes ou amigos. O setor educacional sofreu severamente, com 386 escolas estaduais danificadas, afetando mais de 273 mil estudantes e interrompendo as atividades escolares. Além disso, 52 escolas foram transformadas em centros de abrigo temporário.
Os profissionais de saúde compararam a situação às consequências do furacão Katrina, evidenciando a falta de preparação e a crise nos hospitais, que inclui dificuldades de acesso ao trabalho, escassez de medicamentos e outros insumos essenciais.
O Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, teve suas operações suspensas por tempo indeterminado devido à inundação dos saguões e pistas. A Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) e a administradora do aeroporto informaram a suspensão das atividades até o fim de maio. Passageiros com voos marcados estão sendo orientados a buscar reembolso ou remarcação. No transporte terrestre, pelo menos 95 trechos de 41 estradas foram afetados por bloqueios.
A distribuição de energia elétrica e água também enfrenta instabilidade, com mais de 450 mil imóveis sem eletricidade e 650 mil sem fornecimento de água. A telefonia está comprometida, embora algumas operadoras tenham liberado pacotes de internet gratuitos para facilitar a comunicação.
Com a previsão de mais chuvas e uma queda significativa de temperatura, o governo do estado emitiu um alerta de “perigo extremo” para o sul do estado, que inclui o risco de hipotermia para aqueles isolados sem abrigos adequados.
Em resposta à calamidade, o Congresso Nacional aprovou um decreto que reconhece o estado de calamidade pública até o fim do ano, permitindo uma resposta mais flexível na gestão dos recursos. O decreto facilita a edição de medidas provisórias para créditos extraordinários, com estimativas de que será necessário um investimento bilionário para a reconstrução do estado.
A Defesa Civil coordena uma vasta operação de ajuda, recebendo doações de itens essenciais. A Força Aérea Brasileira transportou 34 toneladas de donativos, incluindo água, alimentos e medicamentos, para a região afetada. As doações continuam sendo recebidas em diversos pontos pelo país, integrando esforços de civis e militares na assistência às vítimas das enchentes.