Em meio à crescente tensão na Faixa de Gaza, 34 brasileiros preparam-se para deixar o território conflituoso. Com a intermediação do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, liderado por Mauro Vieira, e negociações com o homólogo israelense Eli Cohen, foi concedida a autorização que possibilita a estes cidadãos cruzar a fronteira. Essas tratativas ocorrem após uma tentativa frustrada de partida na última quarta-feira, devido ao inesperado fechamento da fronteira.
A coordenação para a saída dos brasileiros envolve esforços conjuntos de autoridades egípcias e israelenses. Os cidadãos em questão estão localizados em Khan Younes e Rafah, áreas próximas à divisa com o Egito, e esperam ser evacuados em breve. Um avião VC-2, modelo Embraer 190 da Força Aérea Brasileira, está estacionado em Cairo, pronto para o transporte, com previsão de partida na madrugada de sábado e chegada ao Brasil no dia subsequente.
Até o momento, uma proporção significativa de estrangeiros, dentre os quais 36% portam passaportes americanos, já teve a liberação para deixar o enclave palestino, onde a passagem de Rafah representa a única via de trânsito para pessoas e bens, sujeita a severas restrições. Listas diárias são divulgadas, especificando quem tem permissão para sair, com detalhamento de datas e horários.
A espera pela repatriação dos brasileiros gerou expectativas elevadas, tendo em vista que eles estavam entre os primeiros na lista para evacuação, o que acabou não ocorrendo. Nesse ínterim, o governo de Israel assegura que não tem imposto obstáculos à saída dos brasileiros, enquanto o Egito justificou o fechamento de fronteiras por preocupações de segurança, citando o risco de infiltração de membros do Hamas.
Ainda há nuances políticas em jogo, como as recentes declarações de Celso Amorim, assessor especial da Presidência da República do Brasil, que pediu por um cessar-fogo imediato e fez comentários comparando as mortes de civis à genocídio, em uma conferência sobre a guerra na Europa. Tais declarações foram recebidas com ressalvas e críticas, tanto por autoridades israelenses quanto por especialistas em relações internacionais, que argumentam que alegações de genocídio exigem investigações aprofundadas e cuidadosas.
Com a operação de evacuação prestes a ocorrer, a Embaixada do Brasil no Egito organiza-se para deslocar-se até Rafah e facilitar o resgate. Na Base Aérea de Brasília, o grupo será acolhido pelo presidente Lula e representantes do Itamaraty, além de outras autoridades governamentais. A situação destaca a delicadeza das relações internacionais e o compromisso do Brasil com a segurança de seus cidadãos no exterior.