As investigações sobre a queda do avião da VoePass, que resultou na morte de 62 pessoas em Vinhedo, no interior de São Paulo, na última sexta-feira (9/8), estão sendo conduzidas de maneira meticulosa pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). O órgão, parte da Força Aérea Brasileira, foca sua análise nos diálogos e sons gravados nas caixas-pretas da aeronave momentos antes do acidente.
Segundo o brigadeiro do ar Marcelo Moreno, chefe do Cenipa, a análise envolve o Cockpit Voice Recorder (CVR), que registrou com sucesso as conversas na cabine, e o Flight Data Recorder (FDR), que captura os dados técnicos do voo. As informações das caixas-pretas foram encaminhadas ao Laboratório de Leitura e Análise de Dados de Gravadores de Voo do Cenipa e foram extraídas já no domingo (11/8).
O estudo minucioso desses registros, como explica o brigadeiro Moreno, utiliza um software de análise espectral do som, que pode ajudar a identificar possíveis alarmes sonoros emitidos pelo piloto e copiloto. Além disso, a conversão dos dados binários do FDR em unidades de engenharia está em andamento, sendo uma das primeiras etapas cruciais da investigação.
Na segunda-feira (12/8), o Cenipa anunciou a conclusão da primeira fase da investigação, que incluiu a coleta de informações no local do acidente. Com isso, a análise detalhada dos dados terá início, e um relatório preliminar deverá ser divulgado em até 30 dias.
Uma das principais hipóteses para o acidente é uma falha no sistema anticongelamento do ATR 72, o que teria causado o acúmulo de gelo nas asas e a consequente perda de controle da aeronave, que caiu verticalmente em “parafuso chato” antes de explodir e causar um incêndio ao colidir com o solo. O brigadeiro Moreno destacou que a investigação exige qualificação técnica de alto nível, sendo necessária uma precisão extrema em todas as etapas, o que pode impactar o tempo de resposta às perguntas cruciais sobre o acidente.
