Banco do Brasil no banco dos réus: laços com a escravidão?

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Especialistas desenterram possíveis conexões do banco com o tráfico negreiro do século XIX


O Ministério Público Federal (MPF) iniciou uma investigação sobre possíveis ligações do Banco do Brasil com o comércio de escravos no século XIX. A diretoria do banco foi notificada recentemente, e terá de prestar esclarecimentos sobre sua relação com a escravidão, e fornecer informações sobre pesquisas relacionadas, financiamentos e medidas de reparação.

A origem da investigação veio de um documento assinado por 15 pesquisadores de várias universidades nacionais e internacionais, que expressaram a necessidade de discutir e avaliar o papel das instituições brasileiras no comércio ilegal de escravos no século XIX, com foco no Banco do Brasil. Uma reunião entre representantes do banco e os historiadores está agendada para 27 de outubro na Procuradoria da República, no Rio de Janeiro.

Evidências e Alegações

Os especialistas em história afirmam que o banco desempenhou um papel significativo na era da escravidão, indicando que obteve recursos por meio de taxas cobradas sobre navios envolvidos no comércio de escravos. Eles ressaltam que a economia da época estava diretamente ligada ao tráfico negreiro, e que o Banco do Brasil estava no cerne dessa economia.

Além disso, há indicações de que os fundadores e acionistas principais do banco estavam envolvidos no contrabando de escravos. José Bernardino de Sá, por exemplo, principal acionista do banco em 1853, era reconhecido como um dos maiores traficantes de escravos entre 1825 e 1855.

O procurador Julio José Araujo Junior expressou a necessidade de se revisitar esse passado e ponderar medidas de reparação, sejam elas simbólicas ou monetárias, para trazer à luz essa parte da história.

Por sua vez, o Banco do Brasil declarou que sua equipe jurídica está avaliando o conteúdo do documento, e vai fornecer as informações solicitadas dentro do prazo estabelecido.

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